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III - A Aprendiz: O Chamado da Deusa!
Sinto a presença da Lua,
Oculta em sua eterna sombra,
E então escuto a poderosa voz
Prateada ao proferir a deusa
As seguintes palavras:
“Dalva, jovem aprendiz das antigas
Feiticeiras da Tessália, escuta atentamente!
Com o grandioso orbe aos teus pés
Te sentes a estrela-guia daqueles
Que navegam pelo bravio mar da vida,
A única a ser observada, mas estrela não és:
Careces de luz própria e do Sol dependes
Para espelhar algum fulgor!
Deves abandoná-lo para trilhares
A senda da Lua Negra e seguires
A tradição lunar de minhas filhas
– lua negra para os profanos,
mas luminosa para as Iniciadas!
Vivo com meu irmão Sol
Um amor impossível!
Fui por ele escravizada,
Mas jamais deixei que fosse tocada
Minha face oculta, onde preservo
Os segredos do meu coração
E os mistérios de minha alma divina!
Meu sonho de liberdade realizo
Em minhas filhas mortais
– sinto o amor de cada uma
palpitando entre meus seios –
Por isso conclamo tua alma
Ao egrégio seio familiar,
E quando a morte a cobrir
Com sua mortalha reconfortante,
Em estrela te converterei
E às tuas irmãs te unirás
Em minha constelação lunar!
Sabes por que te nego
A Iniciação, tola mortal?
(a Sacerdotisa apenas
obedece ao que sussurro
em seu castiço coração!)
Nego-te porque inconsequente alternas
Entre crescente, cheia e minguante
Sem os ciclos e fases da vida respeitar!
Tens que dedicar-te à tua Iniciação,
Pois primeiro tens que encontrar
O sol dentro de ti mesma,
E no tempo certo encontrarás
O Sol ao teu redor, para com ele
Viveres as fases do amor verdadeiro,
E com o tempo emanares tua própria luz,
Para que mutuamente se orbitem
Como estrelas binárias
Na dança dos corpos celestes!
Enquanto luz própria não tenhas,
Tua face esquerda protege dos raios do Sol
– mantém esse mistério!
Ele tentará subjugar e escravizar-te
Para que em sua órbita estejas,
Pois é de sua natureza a tudo
Dominar com seu calor e sua luz,
Decidindo quem vive e quem morre!
De forma egoísta perder-se-á
Contemplando a si mesmo
Em tua face – para ele serás apenas
um elegante espelho de prata!
Mergulha teu coração
No silêncio da noite
Para que o Sol não o calcine!
Sê paciente e aprenderás
Os mistérios da negra tradição lunar
– serás minha filha muito amada!
Sê fiel e obediente, e te darei a chave
De todos os mistérios,
Dos arcanos da Alquimia,
E aprenderás a converter prata em ouro,
Lua em Sol, desejo em amor!
Serás estrela de imortal fulgor!”
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Esse Poema é parte integrante do Poema "O RITUAL".