MANHÃS PANTANEIRAS
A natureza tranquila
Do ambiente de um leito
Banhado pelas primeiras réstias
Da bela e cálida aurora,
Esconde toda a agitação
Da noite calorosa
Que langorosa passou
– pantaneira e úmida se vê!
Com olhos de predadora,
Sôfrega e inerte,
Observa atentamente
O leito se avolumar
Não só pelo extenso lençol
Que abundante o preenche,
Mas pelo dorso que se revela
E forma perturbadoras ondas
Ao emergir deliciosamente...
À beira do leito posicionada,
Intumescida e palpitante,
Úmida e acalorada,
Tenta a fera manter a calma
No ambiente carregado de tensão,
Mas sente o aroma de carne fresca
Invadir os seus sentidos,
E totalmente entregue a seus instintos,
Lépida salta sobre a presa!
Em um abraço apertado,
Crava as garras na pele áspera e espessa
E morde o pescoço avidamente
– crava as presas na presa,
que sente nas pernas a fraqueza!
Poderosa e dominadora,
Decide a rainha pantaneira
O terreno da caçada:
Arrasta o corpo grande,
Forte e robusto para fora do leito,
Onde sua presa é menos ágil,
Onde se sente menos confortável!
Os caninos mordem com vigor
E carregam a presa ao chão tapetado
– com o extenuante e satisfatório esforço,
empina a cauda, faceira!
A feroz fera felina
Libera o pescoço de seus caninos
E passa a lambê-lo delicadamente
Enquanto volta a imobilizar o corpo
Com seu abraço mortal,
Ansiosa por degustá-lo calmamente
Antes de devorá-lo, ao final!
Um abraço pleno,
Cheio de satisfação pela caçada,
Cheio de satisfação pela conquista!
Ele, tão robusto e dominador,
Vivia como um predador
Arrastando-se por aí com sua pele grossa
Em busca de carne fresca:
Caçava as presas e as arrastava para o leito,
Onde ficavam mais frágeis,
Onde era mais fácil
Se revirar junto a elas
E quebrantar sua vontade;
Onde era mais fácil
Com seu peso subjugá-las;
Onde as ondas formadas
As envolviam e submergiam;
Onde o alento e as forças
Finalmente se esvaíam!
Ela, tão bela e poderosa,
Tão forte e dominadora,
Reduz o predador à vítima
E continua o trabalho de seus caninos
Com graça e charme felinos!
E após levá-lo às alturas
Com toda a força e vigor de seus movimentos,
Descansa uns instantes, ofegante,
Enquanto sente a brisa primaveril
Que perfumou as copas das árvores,
Segura de não ter que dividi-lo com mais ninguém,
Para só então recomeçar e verdadeiramente saciar
Sua interminável fome felina
– uma fêmea faminta precisa se alimentar!
Manhãs selvagens
De instinto voraz;
De gata selvagem,
De bela felina
Vestida de oncinha
Com a sedutora pelagem!
01/10/2023
Nota sobre a foto: imagem da internet sem identificação de autoria. Busco exaustivamente a autoria de cada imagem, mas nem sempre a encontro. Caso alguém conheça sua autoria, por favor, me informe para que eu possa identificar a imagem e dar o merecido crédito ao artista!
Visitem meu Site do Escritor: http://www.escrevendobelasartes.com/