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I. Salve Regina Gratia Plena
 

Maria: bela, radiante,

Como a Lua pelo Sol

Iluminada e aquecida

– receptáculo de sua Luz!

Em meio a romanos

E romanescos ritos,

Na Páscoa das Rosas

Com paixão clamavas:

– Veni Sancte Spiritus!

Da abóbada iluminada

Pétalas de rosas caiam

Como o nevar primaveril

De tuas inúmeras virtudes!

Sentias línguas de fogo

Percorrerem teu corpo

E sabias que era o Espírito de Deus

Cantando seu verbo para ti,

Fazendo-o penetrar tua carne

Para se fazer carne,

Inflamando-a,

Queimando-a por dentro

No Batismo de Fogo

Que da Luz é a gênese:

– Fiat Lux!

Ouvias em meio

Ao cântico ritual

Humano e angelical,

O Cântico dos Cânticos

Que vinha do teu ventre

Na doçura do verbo da Luz:

– Eu sou a rosa de Sarom,

O lírio dos vales!

O pai agradeceu ao Pai

Pelo advento da Luz

Qual fora divina em descenso ígneo

Por obra do Seu Espírito,

Qual José o fez há milênios!

Sentias a presença do Anjo

E nas palavras do seu evangelho

Sentias o verbo divino em teu seio!

Em quarto crescente

Preencheu a Luz teu ventre

E depois te sentiste plena, cheia

De graça, vida e amor – de esperança!

Sentias a luz se mover dentro de ti

Como o faz ao percorrer suavemente

O ventre da Mãe Terra – Mãe Natura –

E te sentias bendita entre as mulheres,

Pois te dava tranquilidade e paz!

Eras fiel e virtuosa, a escolhida:

Foste adornada com paixão,

Com a comovente coroa de rosas!

Merecias a bela rosa

De ouro quaresmal

Abençoada pelo sumo

Pontífice medieval,

Mas as rosas de tua coroa

Mostravam o escarlate

Que verte do filho inocente

E dos santos mártires

– a mãe sempre é coroada

com os espinhos do filho;

sente-os na roseira e no rosário

da manjedoura ao sevo Calvário!

O mundo,

Tão escuro, tão carente,

Tão desesperado pela Luz

E ao mesmo tempo a ela tão avesso,

Levou-te a uma queda,

Obrigando-te a prematuramente

Dar a Luz a ele, iluminando-o,

Dando amor e esperança

Em um prenúncio de que as trevas

Ansiavam consumi-la, apagando-a

E a impedindo de habitar entre nós

Ao exigi-la em sacrifício

– imolação de um inocente,

de um cordeiro de Deus!

 

Nota sobre a foto: "Madona Cheia de Graça: pai, Filho e Espírito Santo", da série de 4 telas pintada especialmente para esse Poema pela talentosa Artista Plástica Cleonice C. Quinsler, intitulada "Perspectiva Mariana Sobre a Incorruptível Luz Eterna". Deixo aqui minha profunda gratidão pelo tempo que minha prima carinhosamente dedicou à pintura dessas telas, unindo sua arte à minha em uma emocionada homenagem familiar!

Nota sobre o áudio: "Salve Regina", 1° parte do Salve Regina em Fá Menor de Giovanni Battista Pergolesi (interpretado pelo Contratenor Andreas Scholl).

Observação: embora saiba que é rejeitada pelos eruditos a afirmação de que o versículo 1 do capítulo 2 do livro Cântico dos Cânticos ("Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.") se refere a Jesus, a utilizei aqui por ser aceita pela maioria dos católicos e protestantes, então a considerei ideal para um Poema católico.

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Esse Poema é parte integrante do Poema "IN MEMORIAM: LUX AETERNA".