<< Prólogo - Origami/Jardim Zen.
Capítulo I – Águas do Silêncio.
Desperta assustado
E levanta o torneado
Torso torcendo-o
Em direção ao ruído
De cristais partidos
– nem havia sentido
o luar despudorado
que tentava penetrar
cada sulco e orifício, violar!
Olha para os lados
E não vê a esposa,
Apenas a lâmina familiar
Pertencente a ela,
Próxima ao sofá,
Única herança
Que restou do clã Taira,
Sua ascendência
Nipônica distante
– do tempo dos Samurais.
Uma Yonsei sul-americana
E um jovem branco
De ascendência portuguesa:
Dois gaijins sob os raios
Do Sol nascente, sobre
Um arquipélago ainda
Tão isolado culturalmente
Que parece que sente
O clamor da alma Samurai
Ecoar desde o Período Edo
– essa foi a impressão
desagradável que tiveram
ao chegarem ao País trazendo
de volta a antiga Katana!
Ainda distraído em meio
À sonolência com a beleza
Da espada japonesa,
Pergunta em voz alta
Se a sua bela japonesa
Se cortou e diz para tomar
Muito cuidado ao pisar,
Mas não obtém resposta,
Em meio às águas do silêncio!
Levanta-se e próximo aos pés
Da cama nada consegue ver
Na escuridão aterrorizante.
Começa a pensar
Que nada havia ouvido,
Que apenas de sonho
Se tratou e decide averiguar
O que faz a esposa a essa hora
Fora da cama, mas de repente
Na penumbra nota o brilho
De dois olhos grandes!
>> Capítulo II – Lividez.