MAGNÍFICO E MÍTICO
Incendeia o Templo de Ártemis
Com o teu primeiro pranto!
Herda o trono do teu pai
– que aos ciclopes
intenta se assemelhar –
E o leito lascivo
De tua mãe conspiradora,
Bela e venenosa como Hera;
Inflama o archote e celebra
Os jogos de Olímpia
Em honra de Zeus
– teu pai verdadeiro!
Se o deus não se enroscou
Serpentiforme sobre tua mãe
E a penetrou com seu raio fecundo,
Semideus não és, mas ainda
És prole Dial pelo sangue
Do Rei Heráclida mesclado
Ao sangue Aquileu do materno
Cálice de amarguras!
Leva os versos da Ilíada
Em tuas expedições militares
E em teu coração – no campo
de batalha sê Aquiles
e busca a glória eterna!
Aterroriza os inimigos
Com teu elmo de cabeça de leão,
Como o fazia Héracles;
Faz com que acreditem
Que te cobres com a pele
Do temível Leão de Neméia
– mostra tua Dial estirpe!
Lança tua cavalaria sobre Tebas
E varre toda sua imprudência
E insolência, mas poupa a casa
Do grande Poeta de Átrida linhagem!
Ouve o oráculo; sê lenda em vida!
Corta o nó górdio: vinga Atenas
E destrói Persépolis com teu fogo!
Subjuga a gregos e bárbaros,
E altivo conquista o mundo!
Sê generoso com os derrotados
E mostra crueldade aos inimigos!
Une os povos: une Oriente e Ocidente!
Constrói alexandrias em cada terra
Conquistada e semeia os ideais helênicos
– respeita as culturas e heleniza os bárbaros!
Vai até os limites do mundo mítico,
E depois além! Leva teus sonhos
Até o grandioso e proibido Olimpo!
Misericordioso ou cruel;
Sábio ou selvagem;
Amoroso ou sanguinário;
Justo, leal ou manipulador:
“Homem, torna-te no que és!”
Sobre o teu leito joga-os
Para os deleites de Afrodite,
Ou manda-os em agonia
Aos domínios de Hades!
Mata Parmênio e atravessa
Com a lança o corpo de Clito!
Mata o sobrinho de Aristóteles,
Teu sábio e magno mentor!
Sabe tratar as mulheres
Como nenhum outro o faz!
Desposa a nobreza bárbara,
Deita Bagoas em teu leito,
Ama a homens e mulheres,
Mas a ninguém ames mais
Que ao valoroso Heféstion
– leva-o para cultuar o túmulo
de Pátroclo, e faz o mesmo
com o do poderoso Aquiles!
Chora a morte do teu grande amor,
Sente a fúria de Aquiles e esmaga a dor
Junto aos crânios Cosseanos,
Oferecendo o sangue derramado
No Sacrifício Fúnebre de Heféstion!
Cultua-o como semideus,
Como teu deus venerando!
Corta tuas melenas e crucifica
O Sacerdote de Asclépio!
Não permitas que teus finos lábios
Provem manjares, água ou bebida
Púrpura enquanto negro sangra
Teu coração destroçado e lutuoso!
Bebe o sangue do mundo
Como se frutado vertesse
Do próprio corpo de Dioníso!
Embriaga-te com os ritos
E festividades do alegre
E popular deus hedonista,
E esconde a dor que lancinante
O áurico peitoral lhe trespassa
– dorme o sono de Tânato
em seus vinificados braços!
Em tudo és precoce:
Na conquista da glória
E na conquista da morte
– também a traz precoce
aos oponentes em batalha!
Sê levado jovem ao Tártaro
Por teus crimes ou aos Elísios
Por tua glória e heroísmo,
Mas deixa tua marca na história:
Torna teu nome eterno
Em lábios e ouvidos
Mortais e imortais;
Torna-te mítico...
Sê grande, Alexandre!
Julia Lopez
02/11/2013
Nota sobre a foto: Alexander, The Great, do artista Kirsi Salonen.
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