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Ato VI - O Espetáculo da Vida: Uma Estrela Deixa o Palco!
As cortinas da vida se abrem
E os olhos ávidos refletem
A calorosa luz das estrelas
Do belo e elaborado espetáculo
Em que minha vida se converteu,
Tendo meu coração como palco
Das escarlates dançarinas
– sou o carnal Moulin Rouge!
Dos males da hipocrisia não padeço:
Transitam pelo espetáculo inúmeras mulheres,
Mas apenas o camarim de algumas conheço!
Quando escolho a artista principal
– a vedete, a estrela do espetáculo –
Os outros camarins já não visito
E apenas essa estrela compõe
O noturno céu de minha misteriosa alcova
– não pode ser como a estrela-d’alva,
que luz própria infelizmente lhe falta!
Em alguns aspectos a La Goulue
Lembrava a estrela do espetáculo
– aspectos que a tornavam indesejada
e da nobre casa comprometiam o alto nível!
Abandonou a apresentação
Em um último ato de desrespeito,
Em meio a um “ataque de estrelismo”,
Deixando o famoso palco
E o camarim com ímpeto!
Porém, a insensatez
Dá lugar a um átimo de razão,
E desempregada pede
Para ao palco voltar a brilhar,
Mas fulgor já não mais vejo
E virtudes já não mostra
– seu brilho enganoso
não mais pode me ludibriar!
Neste palco em que pisava
Com salto agulha apenas
Para me ferir e enfeitiçar
Com seus abjetos sortilégios,
Não poderá mais se apresentar
– nas inúmeras casas
que meus espetáculos copiam,
trabalho deverá encontrar,
mas deve saber que jamais
conseguirão em qualidade igualar
aos meus, pois são únicos e originais!
Nem para assistir no Moulin Rouge
Voltará a entrar e do lado de fora
O espetáculo poderá escutar!
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