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Escrevendo Belas Artes!
Conheçam a arte escrita de Julia Lopez, membro da Academia de Letras do Brasil - ALB.
Textos

TRILOGIA "FORTUNA DOMINATRIX MUNDI": DAMA DE OUROS

Sentado à mesa de jogo;
As fichas espalhadas;
A Fortuna rondando a mesa,
Aflita, ansiosa,
Ávida pela próxima jogada!

Uma ficha alta dançando entre os dedos;
O coração embaralhando o pensamento,
Embaralhando as lembranças,
Embaralhando a vida e os sentimentos!
 
Nesse grande jogo
Onde o Destino é quem dá as cartas,
Às vezes temos que apostar na sorte,
Ainda que a aposta seja alta!
 
Tendo minha vida
Metamorfoseada em biga
Conduzida por Fáeton,
Tento de suas mãos
Tomar as rédeas
E guiar as rodas
Por novos caminhos,
Com a Roda da Fortuna
Em afortunado giro!
 
Dessa vez darei as cartas
E ao menos uma única vez
Iniciarei a próxima rodada!
 
Embaralho as lembranças
E ponho as cartas sobre a mesa
– algumas cartas devem ser descartadas,
e outras devem ser mantidas!

Dama de Ouros:
Essa descartei há muito,
E muito me arrependo!

Dama de Copas:
Essa detém meu coração
Em cruel cárcere!

Dama de Espadas:
A mesma dama que me agrilhoa,
Agora trespassando meu coração,
Como algoz trajada!

Dama de Paus:
A mesma dama que me agrilhoa,
Agora alimentando a pira
Onde calcinará meu coração
Em sacrifício às Filhas da Noite,
Lugubremente trajada
Para o singular sortilégio!
 
Nessa mão ruim, é chegada a hora
De descartar as damas de todos os naipes,
Menos a dama do naipe mais valioso
– a única que vale: a dama do naipe de Ouros!
 
Devo descartar as cartas
Das mãos ruins que já tive,
Descartar tudo que me amarga:
Lembranças, sentimentos, ressentimentos...
Celebrar as boas recordações
E condenar as ruins ao ostracismo, ao esquecimento;
Aceitar a bofetada que a vida me deu
Para resignada e silenciosamente dar as costas,
Ir embora, sem a ninguém oferecer a outra face.
 
Não, não darei as costas!
Não irei embora!
Revanche à vida peço!

Devo tentar a sorte,
Uma nova mão
– um novo amor?
Brincar com a Fortuna;
Mudar a jogada e mudar o jogo;
Manter-me em jogo e mudar os jogadores
– ou melhor: as jogadoras!
 
Arremesso os cacifes em comoção:
Lanço a sorte,
Aposto alto,
Aposto tudo!
Jogada desesperada
– não, jogada acertada! –
É tudo o que me resta!
 
Mas há cartas marcadas
– uma carta na manga? –
Que prenunciam uma trapaça:
Cartas que o coração esconde,
Que traem meus pensamentos e sentimentos;
Cartas para enganar o Destino,
Para vencer na revanche – um novo intento!
 
Restam-me poucas fichas,
Mas são fichas de alto valor:
O amor em fichas tenho sobre o feltro;
As cartas selecionadas com astúcia e engenho!

Um último ardil para a vida enganar:
Cartas de amor vívidas na memória
Que agora surgem em meio ao profundo pesar!
 
Sobre a relva da mesa a carta é jogada:
Da última rodada o último trunfo
Para a derradeira partida
– irei de partida ou o triunfo
me aguarda na última cartada?

O Destino muda o semblante, surpreso!
A Fortuna sorri esfuziante!
Uma Dama de Ouros entra em jogo,
Poderosa, capaz de tomar o lugar
De qualquer carta do baralho
– como um valioso Curinga –
E vira o jogo no último instante!
 
Ao grande Salão de Jogos
Em que se converteu meu coração,
Adentra a rutilante e misteriosa dama,
Que entusiasmada e em alta voz se apresenta
Como se dona do jogo agora fosse,
Pondo um oportuno fim à contenda:
 
“Estou no passado, presente e futuro;
Floreio os sonhos, a Fortuna e o Destino!
Sou aquela que surge no repouso da alcova
Em meio a deleites, fantasias e delírios!”


“Sou a apaixonante dama
Que transcende a noite;
Sou a áurea dama 

– a carta mais desejada –
Com quem todos sonham 

E que a todos é negada!”

“Sou a fascinante, a misteriosa, a imortal;
Sou a pureza, a dama da alvorada;
Sou o ideal feminino em seu estado virginal!”

 
Julia Lopez

19/11/2012
 

Foto: bailarina Cleo de Merode como “Dama de Copas” em um Cartão Postal antigo (trabalho fotográfico de Lina Cavalieri).

Nota sobre o áudio: Fortune Plango Vulnera, de Fortuna Imperatrix Mundi (primeira parte 
da Cantata “Carmina Burana - Cantiones profanae cantoribus et choris cantandae”, de Carl Orff). No Poema vemos a presença aparentemente tímida e inocente da deusa Fortuna, e apesar do tom leve e esperançoso do Poema, essa primeira parte da obra de Carl Orff serviu de grande inspiração, pois dá o tom do tema que será desenvolvido na segunda e terceira parte da trilogia! 



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Julia Lopez
Enviado por Julia Lopez em 10/06/2013
Alterado em 10/01/2024
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