VITRAIS E SONHOS
Dei-te tudo, e tudo me tiraste!
Com teus olhos refletindo os meus,
Pus meus sonhos diante de ti
– sonhos frágeis,
sonhos translúcidos,
sonhos quebradiços –
E pelas janelas pude ver-te
Derrubando-os como um vendaval,
Estilhaçando-os junto ao delicado vitral
– com fúria, com ímpeto,
como se nada fossem,
ignorando-os completamente,
regalando-me feridas mortais!
Tomaram-me por assalto
O rompante e o som do vidro
A decorar ruidosamente o piso
Com pinceladas ao estilo Expressionista
Abstrato, com toques de Surrealismo
– dos meus sonhos, certamente!
Coração, vida, sonhos...
Tudo partido, tudo rompido,
Tudo estilhaçado; e eu ali,
Tentando recolher os estilhaços,
Tentando juntar os cacos,
Dando meu toque artístico
Com pinceladas de vermelho sangue
A escorrer dos pés descalços,
Dos joelhos, das mãos nuas...
Indiferente à minha dor,
Sobre o vitral partido
Passeias alegremente,
E enquanto caminhas
Tão elegantemente,
Os estilhaços pisas
Com teu belo scarpin
De maneira tão fria,
Despreocupada e inconsequente,
Que com dor ouço o ruído
Dos meus sonhos partidos
Se partirem ainda mais,
Até o ponto de se tornarem pó,
O pó da desilusão,
O pó do esquecimento!
Julia Lopez
06/04/2013
Montagem: edição da foto do Vitral da Igreja Episcopal “All_Saints”, em São Francisco (EUA), sobre os Wallpapers “The Eye” e “Clouds Rain”.
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