SITE DE POESIA E PROSA DA ESCRITORA
Digite aqui o assunto que deseja procurar dentro do Site e aperte a tecla "Enter" ou clique no botão "Pesquisar".
Escrevendo Belas Artes!
Conheçam a arte escrita de Julia Lopez, membro da Academia de Letras do Brasil - ALB.
Textos
A CRISÁLIDA DE BELISA (VOO DAS BORBOLETAS NO INVERNO)

Noites frias em passear solitário pelas longas e largas calçadas dos afetos humanos, a pisar os cimentados passos de vidas e vidas de incontáveis emoções e sensações, petrificadas pelo passo da vida e da morte rumo à eternidade. As almas a decorar a antiga alameda dos sonhos, e lá ao longe os mastros vestindo o colorido das nações, a dançar alegremente as Sayas Morenadas tocadas pelo sopro frio da estação. As duas praças e o Passeio Público entre elas, perfumadas com a fragrância doce deixada pelas lágrimas célicas que trazem pureza e frescor. As emoções a perfumar as horas que se dispersam em um átimo pela brisa de surpresas: ylang ylang, patchouli, sândalo, petigrain, limão, baunilha, canela, cevada, almíscar, âmbar, cravo, musgo, carvalho, feromônios... As luzes a decorar a noite no agitado Passeio Público, com seus belos jardins de prazeres, sua relva de deleites e seus canteiros de ilusões e sonhos, cercados por bancos de esperança a esperar ansiosos por quem os decore e os perfume, e pelas largas calçadas de cristais de sal e açúcar cimentados, a cintilar as luzes em um círculo de ilusões! O frescor arborizado a embelezar a paisagem noturna. Euterpe a inspirar os coretos que esperam os músicos para sonora decoração. Os pergolados floridos com o romance e a amizade. Tudo florescendo neste espaço público dedicado ao sonho e à fantasia! 
 
A leveza dos passos a ecoar na eternidade. O ventilar da alma em suspiros serenos. E os olhos a atracar suavemente em um banco de alegrias, adornado com corais de loucura trindade a fitar-me como indefesa presa. O arpão da sedução a rasgar-me o peito, arrastando-me para os recifes, e junto a elas passo a decorar o colorido banco. O Vento Divino sopra do Leste – da Terra do Sol Nascente, soprado por Kaze No Kami – atraído pela asiática trindade, e com ele traz dois espíritos dos bosques, duas jovens divindades femininas – amigas da Loucura, da Ebriedade e da Fantasia – protetoras do Clã Taira, conhecidas apenas como Kamis pelos nipônicos e ligadas a Soumoku No Kami, deidade das árvores e vegetais. As duas divindades pairam diante de nós e vem ao nosso encontro. A mais nova – tão jovem e pura que o amor ainda em crisálidas se ocultava em seu sensual ventre – a atravessar-me os vitrais em sedutora troca de olhares no contemplar da minha alma, pede à Loucura que lhe entregue sua pesca em oferenda a ela, o que devotamente é atendido. A jovem divindade canta seu nome em um doce sussurro de jasmins: – Belisa! Então, cativo por um canto mais irresistível que o canto das Sereias, passo a conhecer o nome de minha nova Senhora, e junto a elas sou levado pelo nipônico Vento Divino – rapidamente vê-se El Prado ao longe. Ao lado da diva, nova troca de olhares. Olhos meigos, tão escuros quanto as noites mais profundas; penetrantes, a esquadrinhar minha alma desvendando-me todos os mistérios e segredos! Olhos a faiscar, hipnóticos, como o sinuoso encanto da serpente a enfeitiçar a presa, envolvendo-me e cativando-me. Completamente entregue, daqueles olhos não podia libertar-me! Olhos ternos, onde se podiam ver as profundezas da alma! Janelas claras, puras, de onde vinha a luz da verdade e do amor por despertar – verdadeiro amor? – a iluminar-me a noite! O esvoaçar de sua abundante cabeleira a enegrecer as cercanias, espalhando a escuridão e aumentando o mistério e os encantos noturnos; sua nívea tez a exalar o doce perfume da sinceridade, e dela gotas de sedução a brotar; os fogos da paixão a irradiar de seu belo e voluptuoso corpo; bondade e candura a irradiar de sua face meiga! O conseqüente, inevitável e irresistível encontro das mãos a envolver em belas-artes o mágico rapto – digno de tornar-se mito! Meus dedos e os dela em um entrelaçar de almas que desperta o amor na diva, transformando seu ventre em tela para minhas pinceladas impressionistas, pintando a obra prima do revoar das borboletas a sair das crisálidas aos montes, em um festival de matizes que deram o toque final: o nascimento do amor que a leva ao renascimento, à ressurreição! Borboletas do amor jovem, que nunca envelhece, que nunca se finda – eterno! Borboletas do renascer da alma, que os espíritos da natureza ao pleno renascer os leva! Pleno renascer, sublime ressurreição! À crisálida a lagarta; ao sepulcro a deidade inocente! Da aurélia uma belíssima borboleta a eclodir; de um espírito da natureza uma poderosa deusa a nascer – da ciência do bem e do mal conhecedora, cujo nome pelos mortais é incognoscível e impronunciável! Em eterno revoar, suas madeixas convertidas em pendões de borboletas negras formam o véu do matrimônio perpétuo – negro para os impuros, branco para os puros e dourado para os deuses – a envolver os casais mortais em plena felicidade! E surpresos ficam os deuses ao verem a Deusa da Beleza a enamorar-se do devoto em pleno despertar do amor matrimonial! Vejo o revoar das negras borboletas a envolver-me, e tudo passa estranhamente a clarear. Sinto a alvacenta seda a acariciar e envolver meu corpo em amorosa crisálida. Como Izanami a convidar Izanagi para os deleites do amor, a diva passa a enlaçar-me com uma pequena fração das ditas do amor matrimonial, e passa a invadir e dominar meus sonhos. Perco a noção da realidade em meio ao idílico e onírico passeio, e não mais quero despertar; quero a eternidade passar ao lado da deusa, em profunda adoração! Meu corpo volto a sentir, e sua delicada mão fria pelo natural declínio sazonal passa-me uma deliciosa frieza e estática que a meu ventre faz estremecer! Com o sedoso toque de Belisa sinto-me leve como o ar que me falta nesse romântico instante, e passo a evaporar e dispersar com o calor do súbito e febril toque de seus lábios finos e delicados, em um beijo de amor com sabor proibido de furto a roubar-me a alma e arrebatar-me o coração, elevando-o ao cintilar das estrelas – roubo consentido, desejado! Beijo molhado a ferver os lábios, a língua e a boca em um caldeirão de desejos, a dispersar-me ainda mais em ebulição, como em mágica poção! Sinto-me translúcido, rarefeito, mas as pinceladas artísticas de seus lábios e o delicioso gosto vermelho da tinta labial fazem de meu rosto uma pintura surrealista de paixão, amor e loucura, e volto a tomar cor, ruborizar, em brasa acender, deixando pelo menos uma assinatura de calor – rastreável! 
 
A leveza do lépido vento a tirar-me a noção do tempo – perdido para trás em algum lugar ou momento do espaço-tempo – e a findar tão esplêndido passeio, deixando-me em confuso despertar, como se de um sonho começasse a regressar, e de meu leito posso vê-las serem sopradas para longe, em abandono deixando-me, sem saber se nos domínios de Baku-youkai estou ou se em estado de vigília me encontro; sem saber se tudo não passou de um sonho ou se minha vida começou agora! Então ouço os brados divinos do amor a rasgar o véu da prudência e do pudor: – TE AMO! TE QUIERO! O ecoar da voz da deusa traz sorriso a minha alma, e sem poder conter-me, retorno o ecoar em risos de surpresa, alegria e euforia, vendo sua felicidade refletida em meu semblante, e sinto-me ditoso por sentir um amor tão divino e por ter o amor de uma deusa tão singela – ainda sinto seu perfume; ainda sinto o gosto da cor dos seus lábios! Como a solar Amaterasu, usou sua beleza como um espelho para a minha beleza refletir, fazendo-me sentir especial e valorizado! Ter o amor de Belisa é a maior dádiva e honra que um mortal poderia receber! É uma deusa única, valorosa e de rara beleza! Uma divindade japonesa que exala virtudes e que influenciou povos e culturas desde tempos antigos, ora como Ninfa, ora como Fada; por vezes ligada ao Culto de Ísis, outras vezes ligada ao Culto de Abel! Um tesouro guardado no oceano mais profundo – ninguém tem a chave; ninguém sabe em que ponto remoto do oceano foi deixada! E assim foi o decesso de um ingênuo espírito da natureza e a gênese da majestosa deusa Belisa! Assim foi a gênese do nosso belo e imortal amor matrimonial! 
 
ESCUTAI-ME EM PÚBLICA E SAGRADA LIBAÇÃO, OH AMOROSA DEUSA: – BRINDO À BELEZA DE BELISA: À BELÍSSIMA BELISA, BELA DEUSA DA BELEZA!!!
 

Julia Lopez
03/12/2012


Nota sobre a foto: imagem da internet sem identificação de autoria. Busco exaustivamente a autoria de cada imagem, mas nem sempre a encontro. Caso alguém conheça sua autoria, por favor, me informe para que eu possa identificar a imagem e dar o merecido crédito ao artista!


Visitem meu Site do Escritor: http://www.escrevendobelasartes.com/
Julia Lopez
Enviado por Julia Lopez em 14/03/2013
Alterado em 11/01/2024
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários

 OBRA 

 BLOG 

 

Voltar ao início

 

MURAL DE AVISOS:
 

- Para lerem meus NOVOS POEMAS PUBLICADOS, basta clicarem no título: Sinto a Tua Falta...OrbitalLaços da EternidadeInquietudeMeu MundoFim de NoiteSinto Partir...O Homem IdealPorto de ErinaTríbadesA MelissaA HebeHelena de MitileneManhãs PantaneirasGárgula Pantaneira e Valores da Terra

- Acessem meu Blog e saibam mais sobre minha posse como Imortal da Academia de Letras do Brasil - ALB.

 


 

FERRAMENTAS DE PESQUISA:

Abaixo disponibilizo caixas de pesquisa que podem ser úteis. Não se preocupem com qualquer mensagem de "formulário não seguro" ou "conexão não segura" que surgir, pois nessas caixas não serão inseridos dados importantes, nem dados pessoais ou sigilosos.

 

Dicionário online:


Para pesquisar sobre assuntos gerais e mitológicos:


teste


Para pesquisar sobre mitologia:

Site do Escritor criado por Recanto das Letras
Digite aqui o assunto que deseja procurar dentro do Site e aperte a tecla "Enter" ou clique no botão "Pesquisar": Copyright © 2013. Todos os direitos reservados sobre todo o conteúdo do site. É proibida a cópia, reprodução, distribuição, exibição, criação de obras derivadas e uso comercial sem a minha prévia permissão.

 OBRA         BLOG